As opiniões expressas nos artigos assinados são de responsabilidade dos seus autores. Encorajamos os leitores a seguirem o exemplo dos cristãos de Beréia, que são LOUVADOS em Atos 17:11 porque EXAMINAVAM as ESCRITURAS para ver se as coisas eram, de fato, assim.

sábado, 14 de agosto de 2010

Bibliologia – Entendendo as Escrituras

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Formação da Bíblia
Manuscrito bíblico
Manuscritos do Antigo Testamento (Tanakh)
codex
Manuscritos do Novo Testamento
O estudo de manuscritos bíblicos
Os Massoretas
Septuaginta
O processo de catalogação em capítulos e versículos da Bíblia
Números da Bíblia
Os Livros da Bíblia Sagrada

Formação da Bíblia

A Bíblia é um livro muito antigo. Ela é o resultado de longa experiência religiosa do povo de Israel. É o registro de várias pessoas, em diversos lugares, em contextos diversos. Acredita-se que tenha sido escrita ao longo de um período de 1.600 anos por cerca de 40 homens das mais diversas profissões, origens culturais e classes sociais.

Manuscrito bíblico
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Manuscrito bíblico é o termo utilizado para referir-se a qualquer cópia feita a mão de um texto bíblico. A palavra Bíblia vem do grego biblion (livro). Já a palavra manuscrito vem do latim manu (mão) e scriptum (escrito). Manuscritos bíblicos variam grandemente em tamanho, indo desde pequeníssimos rolos de pergaminho contendo versos da escrituras judaicas até grandes códices poliglotas contendo tanto o Antigo Testamento quanto o Novo Testamento, assim como textos não canônicos.

Manuscritos do Antigo Testamento (Tanakh)

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

O testemunho de Filão de Alexandria

Filão de Alexandria foi um destacado filósofo judeu helenista (ca. 20 a.C. – ca. 50 d.C.). É uma testemunha importante do cânon por três razões (1) a sua vida se sobrepõe no tempo com a vida terrenal de Jesus; (2) era judeu e vivia em Alexandria, o suposto berço do hipotético cânon mais extenso do Antigo Testamento; e (3) conhecia e utilizava profusamente as Escrituras.

David M. Scholer, no prólogo da tradução das obras completas de Filão para o inglês, faz as seguintes observações:

«A preocupação de Filão de interpretar Moisés mostra constantemente tanto a sua profunda devoção e compromisso com a sua herança, crenças e comunidade judias, como também reflecte o seu uso aberto de categorias e tradições filosóficas ... A discussão erudita de se Filão é primariamente judeu ou grego está na realidade desorientada. No tempo de Filão muito do judaísmo estava significativamente helenizado. O compromisso de Filão com a Lei de Moisés e a paixão por ela era genuíno e reitor. Filão bebeu também profundamente na fonte filosófica da tradição platónica e a viu como fortalecedora e aprofundadora do seu entendimento da Lei de Moisés...

Filão é significativo para a compreensão do judaísmo helenístico do primeiro século d.C. É a principal figura literária sobrevivente do judaísmo helenizado do período do segundo Templo do judaísmo antigo. Filão é crítico para entender muitas das correntes, temas e tradições interpretativas que existiam na Diáspora e no judaísmo helenístico. Filão confirma o carácter multifacetado do judaísmo do segundo Templo; não era certamente um fenómeno monolítico. O judaísmo, apesar das suas preocupações pela pureza e pela identidade étnica em relação à Lei de Moisés, também achou considerável liberdade para participar em muitos aspectos da cultura helénica, como tão claramente o evidencia Filão.

Filão é também valioso para entender a igreja primitiva e os escritos do Novo Testamento, especialmente os de Paulo, João e Hebreus. Às vezes esquece-se que os documentos do Novo Testamento foram escritos em grego por autores que eram judeus (agora comprometidos a entender Jesus como Cristo e Senhor), que eram parte da cultura helenística do mundo greco-romano. A maior parte das igrejas primitivas reflectidas e descritas no Novo Testamento eram parte da trama social do mundo helenístico greco-romano. Precisamente porque Filão é um judeu helenístico, é essencial para os estudos do Novo Testamento. A Igreja cristã foi a preservadora primária dos escritos de Filão, que era virtualmente desconhecido para a tradição judia, desde logo, do seu próprio tempo, até ao século XVI.»

The Works of Philo- Complete and unabridged. Transl. C.D. Yonge; New Updated Version. Peabody: Hendrickson, 1993, pp. XIII; negrito acrescentado.

Mediante a interpretação alegórica, Filão propôs uma forma de compatibilizar os ensinamentos dos filósofos pagãos com a revelação bíblica. Por esta razão, nos seus escritos encontra-se um grande número de citações bíblicas. A maior parte das suas citações bíblicas provêm da Torah ou Pentateuco, embora também cite Josué, Juízes, Samuel, Reis, Isaías, Jeremias, os Profetas Menores Oseias e Zacarias, os Salmos, Job, Provérbios e o rolo de Crónicas-Esdras-Neemias.

No índice da edição das suas obras completas já citada (pp. 913-918), contam-se aproximadamente mil citações das Escrituras, o que dá uma ideia da intensidade do uso destes textos por sua parte. Dados todos os factos assinalados acerca de Filão, pode ser uma grande surpresa para alguns que este judeu helenístico, contemporâneo de Jesus, que viveu precisamente em Alexandria, nunca cita nenhum dos livros que supostamente pertenciam ao "cânon alexandrino".

A ausência de citações dos livros deuterocanónicos em Filão é ainda mais notável quando se pensa que alguns destes livros, como por exemplo, a Sabedoria de Salomão ou o Eclesiástico, teriam fornecido excelente material documental para a sua própria tese da compatibilidade entre a filosofia grega e a revelação bíblica. O facto de Filão não ter usado estes livros, que de certeza lhe eram conhecidos, é muito difícil de explicar a não ter havido em Alexandria um consenso acerca dos livros canónicos essencialmente igual ao da Palestina.